Nasceu antes do tempo ( acho que o danadinho me quis dar um extra time com ele ) , dia de "picas" , dia de tirar sangue . Desde que nasceu que me habituei a vê-lo assim ,rodeado de fios e de agulhas , mas não há nada que prepare o coração de uma mãe para estas coisas de fazer chorar os nossos filhos , com o nosso consentimento!
A primeira imagem que tive do M não foi a comum , aquela que esperamos e desejamos nove meses , aliás 7 , no nosso caso.
Foi tudo muito rápido e ao fim de menos de uma hora já tinha a sensação de vazio.
Não fui a primeira a vê-lo.
Não me deram os parabéns quando ele nasceu , ao invés senti a preocupação no ar , a sensação de pena por ele e por mim. Não tive o meu marido comigo.
Não o ouvi chorar porque assim que nasceu entraram 3 homens com máscara na sala e lavaram o meu pedacinho de mim.
Mas não chorei . Fiquei foi sozinha .
Não senti mais os pontapés, arrancaram-mo de mim sem aviso prévio .
Não tinha a mala pronta .
O meu marido tinha pintado o quarto nesse dia , de azul , lindo.
Não dormi toda a noite , nem um segundo , não estava chorosa, estive a rever o dia , minuto a minuto e a tentar perceber se a culpa seria minha.
Foram dias a fim sentados numa cadeirinha , a olhar o M de longe , a desejar poder pega-lo outra vez.
Aprendemos a ser pais de outra maneira .Aprendemos a cuidar da nossa "flor de estufa" sem recear nada . Hoje acho que somos capazes de coisas diferentes . Somos capazes de acreditar que uma joaninha pode sobreviver a uma tempestade de areia , voando!
O M é a prova que as coisas frágeis só nos demonstram que "homens e mulheres feitos" não podem tudo e que a força de acreditar nos ajuda a levar os dias com mais leveza , mesmo que nos pareçam fardos pesados demais para carregar.
Se o M amanhã chorar , fico feliz por poder enxugar-lhe as lágrimas .
Só significa que permaneceu!
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